“Prometeu e cumpriu! Chegaram os
novos ônibus!” – A mensagem estampada no letreiro que deveria indicar a linha
“001 – Eixo Anhanguera” é uma forma lavada de jogar na cara da população que, depois
de alguns muitos anos de procrastinação, o governo atentou aos
problemas do transporte coletivo no Eixo Anhanguera.
Só para a renovação da frota
necessária para o ‘carregamento das cabeças humanas’, os números são: 240 mil
usuários por dia, 90 ônibus novos, sendo 30 biarticulados e 60 articulados, R$
87 milhões e um objetivo possivelmente carregado de estratégias politiqueiras.
Mas calma. Não tenha pressa.
Demorou tanto para chegar, foram meses pré-lançamento, alguns tantos discursos
inflamados em ocasiões de lançamento que, agora, lentamente, um a um, os ônibus
novos vão substituindo as antigas carcaças pichadas pela lama resultante do
atrito do suor dos corpos de fim de expediente.
Trabalhei como Fiscal de
Transporte Coletivo na Metrobus por cinco meses, período em que não vi muitos
esforços positivos para melhorar o “eixão”, nem infraestrutura, nem
atendimento. Depois de me demitir da empresa, fiquei um bom tempo sem andar de
eixo.
Noutro dia, depois de alguns
meses desviando da linha “001”, foi inevitável ir à Praça A. Eis que uma luz
apareceu. Um ônibus biarticulado azul ainda brilhando de novo surge de leste a
oeste. Descobri que tive sorte de pegá-lo de primeira, pois só eram 11 ônibus
novos circulando entre outros 80 caindo aos pedaços.
Com tanto sofrimento pretérito, a
galera do eixão estava eufórica e ainda aguardava pacientemente pelo novo
carro. Não importa se só no mês de novembro teremos todos os ônibus
substituídos. Até lá, tudo volta ao “normal”: muitos vidros quebrados, tudo
pichado, cadeiras tortas, saídas de ar deslocadas e o mau cheiro característico
de volta. Ta bom, vou deixar de ser pessimista.
O presidente da Metrobus, Carlos
Maranhão, ainda anuncia mais reformas das plataformas e pistas do Eixo
Anhanguera. O governo vangloria a conquista. Obviamente, é necessário informar
a população sobre os investimentos públicos. O povo reclama, mas concorda que
“pelo menos isso” e “até que enfim”.
Qual outro objetivo da
procrastinação e do “Prometeu e cumpriu!” se não a politicagem e o preparo
pré-eleitoral (eleitoreiro)? Anotemos já este feito que permanecerá no discurso
político eleitoreiro de vários, o que pode incluir até o próprio presidente da
Metrobus (cargo que até hoje serviu de catapulta para o legislativo, como é o
caso de Francisco Gedda/PTN e Evandro Magal/PP), com a expectativa (que pode durar
mais uns 20 anos) de um metrô em substituição ao “Eixão”. Sempre haverá uma
grande promessa e um feito procrastinado para compor o discurso.
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